Pesquisadores da Universidade de Ciências Médicas de Mashhad, localizada no Irã, relataram um caso peculiar na revista Iranian Journal of Psychiatry. Eles descreveram a experiência de um homem que, ao atingir o orgasmo durante a atividade sexual, percebeu o ambiente ao seu redor com uma clareza e vivacidade incomuns, notavelmente com uma tonalidade rosa.
Esse fenômeno está relacionado a uma forma rara de sinestesia, uma condição em que o cérebro processa informações sensoriais de maneiras interligadas, permitindo que a pessoa viva experiências simultâneas por meio de diferentes sentidos. Embora a sinestesia não seja considerada uma doença em si, é uma condição comum com uma prevalência de aproximadamente 4% da população global. Existem mais de 150 tipos distintos de sinestesia, e o fator visual ligado ao orgasmo representa apenas 1% dessas manifestações.
Na pesquisa, os autores mencionaram a trajetória de um paciente, referido como Senhor R, um médico de 31 anos que reside com a esposa. Ele procurou ajuda após relatar uma experiência “bizarra” durante o sexo. “Ele afirmou que, durante seus orgasmos, experimentava mudanças na equidade visual sempre que seus olhos estavam abertos e via objetos mais nítidos e brilhantes do que o normal. Ele descreveu essas mudanças como ‘visão de alto contraste com cor rosa dominante em todos os lugares’ e disse que o ambiente ficava mais brilhante como se fosse de manhã cedo, mesmo que o ambiente estivesse escuro”, explicaram os especialistas.
Os médicos observaram que o Senhor R não apresentava anomalias em testes de percepção de cores ou outros exames que verificam a visão. Além disso, não foram observadas evidências de problemas psiquiátricos ou disfunção sexual. “Com relação às experiências do paciente e a esses exames, foi feito um diagnóstico de sinestesia para ele”, afirmaram os especialistas.
Após receber informações sobre a sinestesia e suas variantes, o paciente mencionou que, em sua juventude, teve experiências semelhantes. Durante a adolescência, ele foi diagnosticado com prolapso de válvula mitral após episódios de dor no peito.
O médico relatou que, sempre que sentia dor intensa no peito devido à sua condição cardíaca na infância, “sentia a cor branca”. “As fortes dores no peito não continuaram na idade adulta e, portanto, ele não teve a sensação de novo. Ela não estava associada a nenhum distúrbio visual, e ele conseguia diferenciá-la de outras possíveis sensações, incluindo tontura”, disseram os profissionais.
“A sinestesia relacionada ao orgasmo e cores é uma das formas mais raras desse fenômeno, tornando o diagnóstico um desafio. Ao contrário de outras formas de sinestesia, que podem ser avaliadas por meio de questionários ou estudos visuais, a sinestesia de orgasmo com cores é mais complexa de ser investigada, pois não existem estudos experimentais prévios que provoquem a sensação sinestésica”, concluíram os pesquisadores.