Combate à Demência: Hábitos Simples Podem Reduzir o Risco de 50% dos Casos
A demência é uma condição que implica em uma diminuição progressiva da função cerebral, afetando diretamente a memória e a capacidade cognitiva dos indivíduos. Embora essa doença seja frequentemente associada ao envelhecimento, novos estudos sugerem que uma série de hábitos saudáveis pode ser a chave para preveni-la. Um relatório recente, publicado na conceituada revista The Lancet, revela que metade dos casos de demência pode ser evitada com a adoção de ações simples, tanto por indivíduos quanto por autoridades de saúde.
A pesquisa, coordenada por especialistas, atualiza um estudo anterior de 2020 que já discutia 12 fatores de risco associados à demência. Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a prevenção, os pesquisadores incorporaram novas informações e destacaram a importância de medidas práticas para mitigar os riscos. Dentre as novas adições ao estudo, estão a perda de visão e o colesterol elevado, revelando a complexidade em torno dessa condição.
Quais são os principais fatores de risco para a demência?
Os estudos recentes revelam 14 fatores de risco que merecem atenção quando se trata de prevenção da demência:
- Baixo nível educacional
- Colesterol alto
- Consumo excessivo de álcool
- Depressão
- Diabetes
- Falta de atividade física
- Falta de contato social
- Hipertensão
- Lesões graves na cabeça
- Obesidade
- Perda de audição
- Perda de visão
- Poluição do ar
- Tabagismo
Esses fatores não apenas afetam a saúde mental, mas também influenciam a qualidade de vida ao longo dos anos. Portanto, a conscientização sobre esses riscos é crucial para o desenvolvimento de estratégias de prevenção eficazes.
Como agir para reduzir o risco de demência?
O neurologista Masud Husain, da Universidade de Oxford, enfatiza a importância de focar nos fatores de risco. Segundo ele, essa abordagem é "muito mais econômica do que desenvolver tratamentos de alta tecnologia que até agora têm sido decepcionantes em seus impactos em pessoas com demência estabelecida". Isso mostra que, ao invés de apenas buscar tratamentos complexos, é vital adotar atitudes simples no dia a dia.
As recomendações vão desde ações individuais, como usar capacete ao andar de bicicleta, até influências governamentais, que incluem melhorar o acesso à educação e combater a poluição. Essa abordagem integrada busca criar um ambiente propício à saúde cerebral da população.
O que a pesquisa revela sobre a educação e a saúde mental?
De acordo com Gill Livingston, autora principal do estudo, "nosso relatório revela que há muito mais que pode e deve ser feito para reduzir o risco de demência. Nunca é muito cedo ou muito tarde para agir". Essa afirmação reforça a ideia de que o investimento em educação e estimulação mental durante a vida adulta é vital. As pessoas devem ser cautelosas em relação às suas escolhas, pois o aprendizado contínuo pode ter efeitos positivos sobre a saúde cerebral, independentemente da idade.
Charles Marshall, professor da Queen Mary University, sinergiza essa visão ao declarar que "é vital que, como sociedade, desenvolvamos medidas para manter o cérebro das pessoas o mais saudável possível, principalmente porque a demência é agora a principal causa de morte". Isso destaca a responsabilidade coletiva em agir contra a demência.
Quais são as recomendações práticas para evitar a demência?
A Comissão Lancet 2024 elabora um conjunto estratégico de 14 recomendações para ajudar na prevenção da demência, que incluem:
- Boa educação e estimulação mental na vida adulta
- Uso de aparelhos auditivos para perda auditiva
- Tratamento para depressão
- Proteção da cabeça durante esportes de contato
- Exercícios regulares
- Não fumar
- Reduzir a pressão arterial elevada
- Controlar o colesterol alto
- Manter um peso corporal saudável
- Limitar o consumo excessivo de álcool
- Evitar o isolamento social na velhice
- Fazer exames para perda de visão e usar óculos quando necessário
- Prevenir o diabetes
- Combater a poluição do ar
Essas recomendações formam um guia prático para promover uma vida saúde mental e física, permitindo que as pessoas façam escolhas que minimizem o risco de desenvolver demência.
Os dados presentes revelam que a demência não é uma inevitabilidade do envelhecimento, mas sim uma condição que pode ser prevenida com atitudes e políticas eficazes. O engajamento de todos—indivíduos, comunidades e governos—é essencial para enfrentar essa questão crescente de saúde pública. Ao lucidar e agir sobre os fatores de risco, podemos transformar não apenas nossas vidas, mas de toda a sociedade em direção a um futuro mais saudável e consciente.