Um coletivo de organizações globais lançou a campanha intitulada Kick Big Soda Out, que visa interromper o patrocínio histórico da Coca-Cola aos Jogos Olímpicos, uma relação que já dura 96 anos. O movimento, que agrega vozes de várias entidades ao redor do mundo, destaca preocupações com a saúde e o meio ambiente.
A iniciativa ganhou visibilidade em publicações científicas, como The Lancet e British Medical Journal, e já conta com o apoio de 140 mil assinaturas e de mais de 80 organizações de diferentes países.
Objetivos da Campanha
Os grupos envolvidos não apenas desejam encerrar o apoio financeiro da gigante dos refrigerantes ao evento esportivo, mas também solicitam que o Comitê Olímpico Internacional (COI) se comprometa a não aceitar mais patrocínios de empresas que possam comprometer a saúde pública e o meio ambiente.
Como base para suas reivindicações, as entidades, lideradas pela Vital Strategies, uma organização internacional focada em saúde pública, utilizam compromissos previamente assumidos pelo COI.
Os três pilares principais da argumentação são:
- Danos à Saúde: As bebidas açucaradas estão associadas a um aumento de doenças como obesidade, diabetes e problemas cardíacos.
- Impacto Ambiental: A produção e consumo de bebidas engarrafadas contribuem significativamente para a poluição e a emissão de gases de efeito estufa, além de esgotar recursos hídricos.
- Futuro das Gerações: Existe um risco elevado de obesidade infantil devido à exposição a alimentos e bebidas não saudáveis. A ativista Trish Cotter questiona: “Com o patrocínio contínuo da Coca-Cola, como o COI pretende honrar seu compromisso com o bem-estar e a saúde dos jovens?”
Além disso, Cotter destaca que “essas bebidas estão entre os produtos mais fortemente promovidos no mundo”, e alerta que a indústria utiliza eventos esportivos para associar seus produtos a experiências positivas, uma tática conhecida como “sportswashing”.
Ampliação do Movimento
Seis entidades brasileiras se uniram à causa, incluindo organizações como ACT Promoção da Saúde e o Instituto Desiderata. O pesquisador Barry Popkin, da Universidade da Carolina do Norte, ressalta que o açúcar se tornou o “tabaco da dieta”, enfatizando a crescente conscientização sobre os riscos associados ao consumo de bebidas açucaradas.
Popkin também observou que vários países já aplicam impostos em produtos açucarados, uma medida que reflete uma mudança na percepção pública sobre esses produtos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também comenta sobre as estratégias da indústria para desviar a culpabilidade sobre as bebidas açucaradas, colocando o sedentarismo como um foco.