Após um período de quatro anos lidando com dores intensas, a estudante universitária Carolina Arruda de 27 anos comunicou na última quinta-feira (22) uma significativa redução em seu desconforto. Ela é portadora de neuralgia do trigêmeo, uma condição reconhecida por gerar uma dor extrema.
Segundo a estudante, a dor caiu para um nível 4, algo que não ocorria há pelo menos quatro anos. Normalmente, sua experiência dolorosa varia de níveis 6 a 7 diariamente, e essa melhora durou aproximadamente quatro horas.
O alívio veio após a jovem iniciar um novo ciclo de tratamento desenvolvido por médicos da Santa Casa de Alfenas, situada em Minas Gerais. Recentemente, ela se submeteu a uma cirurgia para implantar um dispositivo de infusão intratecal, que permite a administração de medicamentos diretamente no sistema nervoso central.
Esse método envolve a inserção de um aparelho no abdômen da paciente, que libera morfina por meio de um cateter, visando um controle de dor mais eficaz.
Foi esclarecido que a bomba de infusão age diretamente nos receptores da dor próximos à coluna vertebral, permitindo um efeito analgésico com menores doses comparadas às utilizadas na administração oral de medicamentos.
A bomba injeta morfina continuamente, além de fornecer doses adicionais mediante ativação da paciente durante crises. As doses extras correspondem a um sexto da quantidade total diária e ainda estão em processo de ajuste, já que a equipe médica trabalha para determinar a dosagem ideal para a jovem.
Ela também destacou que a diminuição da dor se deve ao emprego de uma combinação de tratamentos. Junto à bomba de morfina, a estudante está utilizando eletrodos que foram instalados na fase anterior do tratamento.
A paciente mencionou o uso contínuo de anestésicos, como ketamina e lidocaína, além da metadona, que possui um efeito mais potente que a morfina. A intenção é eventualmente descontinuar esses medicamentos, mantendo apenas os tratamentos com eletrodos e a bomba de morfina.
Apesar da melhora, a paciente logo enfrentou uma nova crise relacionada à neuralgia do trigêmeo. O médico responsável salientou a esperança de que o tratamento traga um alívio substancial à qualidade de vida da jovem, embora reconheça que ela ainda enfrentará altos e baixos.
Lembre-se do caso
A história da estudante Carolina Arruda ganhou grande visibilidade após ela lançar uma campanha de arrecadação online com a proposta de buscar a eutanásia na Suíça, onde tal prática é legal. Esse apelo levou médicos da Santa Casa de Alfenas a oferecer novas alternativas para seu tratamento.
O tratamento programado consiste em quatro etapas. No mês de julho, a jovem passou pela primeira, que envolveu a implantação de eletrodos neuroestimulantes. Esses dispositivos simulam a atividade elétrica das fibras nervosas, ajudando a modular a dor.
Embora esse procedimento tenha trazido algum efeito positivo, ele não foi suficiente para resolver a situação da paciente. Isso levou à decisão do médico de seguir com o plano, incluindo agora a bomba de morfina.
A próxima alternativa seria uma cirurgia de descompressão vascular do nervo trigêmeo. Se essa abordagem não alcançar os resultados desejados, a última opção considerada é a nucleotractomia trigeminal, uma intervenção cirúrgica que visa interromper a transmissão sensitiva do nervo trigêmeo.