A vice-presidente e analista sênior da Moody’s Ratings, Samar Maziad, expressou nesta quarta-feira (7) que o crescimento projetado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não será suficiente para garantir a consolidação fiscal do país.
Ela destacou a necessidade de que o governo também tome medidas com foco nas despesas. “Assumindo que a dinâmica de crescimento permaneça como esperamos, com 2% ou 2,5% (de alta do PIB)… isso vai facilitar a consolidação fiscal, mas sozinho não vai ser o suficiente”, comentou Maziad, durante uma coletiva de imprensa após um evento realizado pela agência em São Paulo.
A analista enfatizou que é necessário promover “ajustes do lado dos gastos” e citou a necessidade de ações mais robustas na área fiscal até 2025. No início de maio, a Moody’s anunciou que manteve o rating de crédito do Brasil em Ba2, porém elevou a perspectiva do país de “estável” para “positiva”, mantendo-o na categoria de grau especulativo, que acarreta maior risco para investidores.
Sobre a possibilidade de futuras alterações no rating brasileiro, Maziad comentou que não existem datas definidas, embora novos anúncios costumem ocorrer após um período de 12 meses. Durante a coletiva, ela reiterou que a agência deseja observar uma “melhoria na performance fiscal” do Brasil, o que inclui atingir a meta fiscal e aprimorar a estrutura dos gastos.
Maziad também minimizou os potenciais efeitos da volatilidade global sobre a classificação soberana do Brasil, afirmando que, enquanto as corporações podem ser afetadas, isso não tem um impacto significativo no rating soberano.
A executiva se mostrou otimista em relação à continuidade das metas de inflação pelo Banco Central, mesmo diante da mudança de comando prevista para 2025, com a saída do atual presidente, Roberto Campos Neto. “É normal haver uma transição quando um mandato termina”, ressaltou.