A atriz Nívea Maria, que encerrou seu vínculo de mais de cinquenta anos com a TV Globo em 2022, expressou que sua saída da emissora a afetou profundamente. Durante sua participação no programa Companhia Certa, da RedeTV!, ela compartilhou sua visão sobre o processo de reestruturação das empresas de comunicação, ressaltando, no entanto, sua insatisfação com a forma como este foi conduzido.
Em entrevista ao apresentador Ronnie Von, Nívea Maria comentou sobre o desconforto que sentiu em relação ao tratamento recebido no momento de seu desligamento. Além disso, abordou a atual situação da dramaturgia no Brasil, a qual ela acredita que está marcada pela crescente produção de remakes na TV Globo.
A atriz afirmou que a televisão brasileira parece estar “perdida” e “precisando de criatividade”. Questionou se os remakes realmente têm a aceitação do público contemporâneo e observou que as reações positivas parecem vir de indivíduos que já assistiram às versões originais das novelas.
“Olha… Aí você vê como é, né? Eu estava com um restaurante, e me ensinou aí um lado de empresa, empresarial, e você tem que fazer modificações. Por um lado, eu até entendi. A forma como foi feito é que não. Conversando com o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho] e com outras pessoas, a gente concorda com isso: não, não pode ser”, relatou Nívea Maria.
“Porque o Boni diz: você construiu uma parede da rede Globo. Aqueles cem tijolos ali foi você quem fez. Claro, ele coloca isso hoje. Então, a empresa deveria, sei lá, ver uma outra forma de desligar, afastar as pessoas. Foi muito frio. Foi muito… Enfim. Doeu? Doeu. Mas é aquilo que a gente diz: ‘Encontramos uma pedra no caminho. O que a gente faz? Vai tropeçar nela, cair? Chorar? Não, vamos pegar, botar ela do lado’”, continuou.
Atualmente, Nívea Maria tem se voltado para o teatro e para projetos em plataformas de streaming, como o papel que desempenhou na série A Divisão, do Globoplay. Ela expressou, no entanto, sua preocupação em relação ao nível de violência retratado nas produções mais recentes, questionando a necessidade de tantas cenas de tiroteios e mortes, em um momento em que o jornalismo já explora esses temas de forma recorrente.
Além disso, ela comentou sobre a direção das novelas atuais. “Na minha opinião, está meio perdida a dramaturgia da televisão brasileira. Claro, um remake de um produto que deu certo, que foi sucesso… Mas, será que é isso que esse público novo da televisão brasileira está querendo ver? Porque, quando você olha a reação das pessoas, ‘olha, vem um remake’, você vê que são pessoas da geração antiga, que assistiram à primeira versão da novela”, pontuou.
“Então eu não, não… Sei lá, eu não sou contra, mas eu estou achando que está precisando um pouco de criatividade principalmente dentro da dramaturgia brasileira. Porque a parte de entretenimento dentro da televisão está se mexendo, ela está tentando conquistar o público, mas a dramaturgia de repente está num sinal vermelho, está parada numa coisa”, disse Nívea Maria.
A atriz também comparou as novelas atuais com as produções de décadas anteriores, destacando que estas últimas tratavam de questões sociais e relações familiares de forma mais relevante. “Era muito verdade, era muito atual. Então, chamava a atenção do público. Assim como o jornalismo informava a realidade, a dramaturgia, dentro da parte criativa, contava uma história para atrair quem não acompanhava o jornalismo”, concluiu Nívea Maria.