Neandertais: O Enigma da Estética e da Cultura de Uma Espécie Extinta

O Fascínio da Cueva Des-Cubierta e os Mistérios da Cognição Neandertal

A imagem que muitos de nós temos dos Neandertais é frequentemente moldada por antigos estereótipos: brutos, primitivos e pouco inteligentes. No entanto, novas descobertas arqueológicas estão desafiando essa visão, sugerindo que esses antigos humanos possuíam uma complexidade cultural e cognitiva surpreendente. Mas como podemos realmente entender a mente de uma espécie que se extinguiu há cerca de 40.000 anos?

O Que os Crânios na Cueva Des-Cubierta Revelam?

A história começa em uma pequena caverna na Espanha, chamada Cueva Des-Cubierta, onde foram encontrados mais de 35 crânios de grandes animais. Entre 135.000 e 50.000 anos atrás, mãos ensanguentadas carregaram esses crânios para dentro da caverna, onde foram cuidadosamente depositados. O cenário pode parecer assustador, mas está longe de ser um filme de terror. Na verdade, representa um fascinante mistério Neandertal.

Os crânios de bisões, cervos e rinocerontes estavam quebrados, mas seus chifres e galhadas estavam relativamente intactos, alguns próximos a vestígios de fogueiras. Esse achado sugere que os Neandertais tinham uma relação complexa com esses animais, possivelmente atribuindo-lhes significados simbólicos.

Os Neandertais Realmente Praticavam Rituais?

Podemos afirmar que os Neandertais desenvolveram rituais centrados nos crânios de suas presas? Essa é uma questão difícil de responder, mas as evidências apontam para comportamentos que vão além da simples caça e coleta. As descobertas na Cueva Des-Cubierta sugerem que os Neandertais poderiam ter usado os crânios como troféus, ou até mesmo como parte de um santuário.

Eles Produziram Arte?

Outra questão intrigante é se os Neandertais eram capazes de produzir arte. Descobertas anteriores indicam que eles utilizavam pigmentos minerais e criavam objetos com marcas gravadas, como os encontrados em Krapina, na Croácia, que poderiam ter sido usados como colares ou chocalhos. Esses objetos mostram que os Neandertais tinham um sentido estético e simbólico desenvolvido.

Como os Neandertais Pensavam?

Para entender melhor como os Neandertais pensavam, precisamos olhar para a ciência moderna. Neandertais e humanos modernos compartilham um ancestral comum de 550.000 a 800.000 anos atrás. Seus cérebros eram tão grandes quanto os nossos, mas com formas diferentes, sugerindo variações nas funções cerebrais.

Estudos genéticos recentes mostram que pequenos ajustes em genes como o NOVA1 e o TKTL1 tiveram impactos significativos no desenvolvimento e função dos cérebros Neandertais. Por exemplo, o gene NOVA1 dos Neandertais levou a um crescimento alterado dos neurônios e suas conexões, enquanto o TKTL1, que difere por apenas um aminoácido, pode ter resultado em um neocórtex menor, a parte do cérebro envolvida em funções cognitivas superiores.

Eles Usavam Pigmentos?

Neandertais também tinham interesse em pigmentos. Em mais de 70 locais, foram encontrados pigmentos minerais nas cores preta, vermelha, laranja, amarela e até branca. Em alguns casos, esses pigmentos foram processados e usados de formas que sugerem uma apreciação estética e simbólica, como o pigmento vermelho em uma concha fossilizada e uma mistura de pigmentos em uma garra de águia.

O Que Significa a Gravura de Einhornhöhle?

A gravura mais complexa encontrada em um contexto Neandertal é de Einhornhöhle, na Alemanha. Datada de 51.000 anos, essa peça óssea tem 10 linhas gravadas, formando um padrão de chevron. Embora o significado exato seja desconhecido, isso demonstra que os Neandertais tinham uma capacidade para pensamentos abstratos.

O Que Mais Podemos Descobrir?

O enigma da Cueva Des-Cubierta e outras descobertas desafiam a visão tradicional dos Neandertais. Eles não eram apenas brutos sobreviventes, mas seres humanos complexos com capacidades cognitivas avançadas. À medida que a arqueologia e a ciência avançam, continuamos a desvendar os mistérios de seus comportamentos e crenças.

Os Neandertais, uma vez vistos como nossos primos menos bem-sucedidos, agora são reconhecidos como uma espécie que compartilhava muitas semelhanças conosco, incluindo a habilidade de pensar simbolicamente e criar objetos com significado cultural. Cada nova descoberta nos aproxima mais de entender esses fascinantes ancestrais humanos.


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