OMS estuda se variante da varíola dos macacos representa uma emergência internacional

OMS estuda se variante da varíola dos macacos representa uma emergência internacional

Estados Unidos lidera como o país com mais casos de varíola do macaco no mundo

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Dr. Tedros Adhanom, convocou um Comitê de Emergência que se reunirá “o mais rápido possível” para decidir, nos próximos dias, se a propagação de uma nova variante da varíola do macaco (Mpox) em alguns países da África constitui uma emergência de saúde pública internacional.

Algumas cidades e condados dos Estados Unidos, como San Francisco, estão pedindo aos cidadãos que se dirijam aos postos de vacinação para prevenir a doença com a chegada do verão.

Essa preocupação é especialmente em razão do aumento de casos na República Democrática do Congo (RDC), onde foi identificada uma nova cepa “mais grave” do que a anterior, conforme relatado pela OMS. “O número de casos notificados nos primeiros seis meses deste ano é equivalente ao número total do ano passado, e o vírus se espalhou para províncias que antes não eram afetadas”, afirmou Dr. Tedros em coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

“No último mês, foram registrados cerca de 50 casos confirmados e suspeitos em quatro países vizinhos da RDC que não haviam notificado anteriormente: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda”, acrescentou.

De acordo com Dr. Tedros, “diante da propagação do Mpox fora da República Democrática do Congo (RDC) e da possibilidade de uma maior disseminação internacional, tanto dentro quanto fora da África, decidi convocar um Comitê de Emergência sob o Regulamento Sanitário Internacional para que me assessore sobre se o surto representa uma emergência de saúde pública de importância internacional. O comitê se reunirá o mais breve possível e será composto por especialistas independentes de diversas disciplinas relevantes de todo o mundo.”

Nesse contexto, o diretor-geral da OMS especificou que os surtos de Mpox são causados por diferentes vírus chamados “clados”. Ele ressaltou que “o clado 1 circula na República Democrática do Congo há anos, enquanto o clado 2 foi responsável pelo surto global que começou em 2022”.

O surto atual no leste da República Democrática do Congo é causado por uma nova ramificação do clado 1, chamada clado 1b, que causa uma doença mais grave do que o clado 2. O clado 1b foi confirmado no Quênia, Ruanda e Uganda, enquanto o clado de Burundi ainda está sendo analisado. Ao mesmo tempo, neste ano, foram notificados casos do clado 1a na República Democrática do Congo, na República Centro-Africana e na República do Congo, e casos do clado 2 em Camarões, Costa do Marfim, Libéria, Nigéria e África do Sul.

Mais de 5.000 casos de contágio já foram registrados em todo o mundo. A OMS elaborou um plano de resposta regional que requer quase 14 milhões de euros para apoiar atividades de vigilância, preparação e resposta. “Liberamos quase um milhão de euros do Fundo de Contingência para Emergências da OMS para apoiar a ampliação da resposta e temos a intenção de liberar mais nos próximos dias”, acrescentou Dr. Tedros.

Ele também adiantou que “o processo para a inclusão das vacinas de Mpox na Lista de Uso de Emergência já foi iniciado, o que acelerará o acesso às vacinas, especialmente para países de baixa renda que ainda não emitiram suas próprias aprovações regulatórias nacionais”.

Quanto a restrições de viagens, por enquanto, a OMS “não recomenda medidas específicas”, mas sugere que “informações adequadas sejam fornecidas aos viajantes e que haja colaboração transfronteiriça entre os países”.

Atualmente, a taxa de letalidade global na República Democrática do Congo “está em torno de 3,6 por cento, sendo maior nas áreas endêmicas e especialmente entre lactentes e crianças pequenas”, segundo a líder técnica da OMS para varíola do macaco, Dra. Rosamund Lewis.

“Lactentes apresentam uma taxa de letalidade superior a cinco por cento. Menores de cinco anos possuem uma taxa um pouco menor, enquanto em adultos, crianças e idosos acima de 15 anos, a taxa de letalidade é inferior a três por cento”, completou.

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